O Retorno

Eis que sem saber o porquê, retorno a esse cantinho para dividir reflexões. E penso como Fédida: " O distante é o que aproxima e o ausente - não a ausência - é uma figura do retorno."

(...)

Depois de um longo suspiro pergunto-me se ainda existe "Emy" em mim. Repentinamente cito Pope: "Razão do homem: se não a ouvimos, tudo é escuro. Se a ouvimos demais, nada é seguro." A verdade é que meu lado mãe enche meu peito de alegria, enquanto meu lado mulher tenta continuar lutando.
Onde a maldade foi parar?? Digo, pois, que a indagação ainda me consome: Malvada, Eu?! Voltaire diria que "A dúvida é desagradável, mas a certeza é ridícula." Daudet discordaria propondo: "Atingir a dúvida da dúvida é o começo da certeza."
Queria mesmo era acreditar em Newton quando afirma que "Dez mil dificuldades não constituem uma dúvida."
Essa volta traz uma Emy diferente. Se já não é srta. e sim sra., se já não é malvada e sim experiente... Não importa! A Srta. Emy aqui é nada mais que uma personificação, onde me escondo-mostro como em nenhum outro lugar, nem de qualquer outra forma parecida. O verdadeiro motivo de criar a personagem Emy não foi para ser pseudônimo, nem por brincadeira. A Emy é o ego, o sentimento, a dúvida dentro de mim. Então continuará sempre Srta. Emy.
Afinal, Hebbel já me disse que "A vida da maioria das criaturas humanas é uma fuga para fora de si próprias."
Pois bem...

Nos últimos dias ando a refletir sobre o caráter das pessoas. Que bicho seria esse? Mantegazza propõe que "O caráter é a fisionomia moral do homem." Penso que os homens andam moralmente deformados ultimamente!!
Talvez essa emoção inflamada e arraigada em mim seja a culpada das minhas mais infames decepções. Bah!! A vontade que me engasga é de gritar a uns poucos minha aversão à sua falsidade... ou seria a de cuspir ferinamente algumas verdades engasgadas pelo meu senso de caráter? Nessas horas desejo despir-me de educação e respeito, espancando oralmente sua infâmia!
Então, ouço ao longe Brian Tracy: "Não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito."
Por enquanto tenho me arrependido de muitas das minhas escolhas nesse meio tempo. "Porque o arrependimento, como o desejo, não procura analisar-se, mas sim satisfazer-se." sussurra-me Proust.

Sinto-me novamente um doce-de-leite congelado.

Por dentro encorpado, derretido e docinho. Por fora frio e ressecado, sem gosto e sem viço. Meu lado mãe é o de dentro... cheio de amor e orgulho da cria. Meu lado mulher... bem... sobrevive!
Talvez a culpa seja minha. Sempre projetando desejos e sonhos e expectativas. Sempre esperando respeito, reconhecimento e consideração. Fazendo o que meu senso de justiça falho-cego me manda. Tomando dores e partido pelos que amo.
Talvez a verdadeira culpa seja do meu senso, que escolheu e carimbou um conceito errado do que é amar. É da decepção que vem toda a minha dor. Eu sei, nada disso vai importar mais pra frente... mas por enquanto dói, e esse tipo de dor destrói qualquer maldade, vontade ou clareza.
Tenho demorado infinitos dias para concluir esse post. Não sei como começar a falar as tantas coisas que tenho a dizer. Acabo digitando idéias desconexas e a cada releitura apago o que foi escrito antes... reescrevo... repenso... discordo.


Essa compilação de fatos e reflexões será meu retorno, mais experiente e até mais maleável a esse universo paralelo. Sinto as boas vibrações... as coisas parecem desemaranharem-se, sinto renascimento da minha personalidade... uma refiguração, um realinho. Lembro sempre Diderot em " A properidade revela os vícios - a adversidade, as virtudes."
Deixo-os já pensando em voltar...

De vocês ... sempre,
Srta. Emy.