
Sem saber como começar a falar sobre, nem mesmo sobre o que preciso falar...
Digamos que minha vida girou 180 graus e não consigo organizar minhas idéias em meio a vã tentativa de me reequilibrar.
Parafraseando Lispector, "Não sei se quero descansar, por estar realmente cansada ou se quero descansar para desistir".
A verdade é que ando acumulando decepções, sendo a maior delas comigo mesma. E os sábios chineses já diziam que "As árvores mais duras são as primeiras a partir com o vento".
Não se perguntem como, nem o porquê... isso é desimportante.

Passei algum tempo a meditar sobre minha vida e, pasmem, eu perdi meu rumo. O que eu quero fazer amanhã? Não sei. Eu que sempre repeti Einstein com "Nunca penso no futuro, ele chega rápido demais" comecei a me sentir um grão de areia no deserto.
Em algum momento na vida percebemos que estamos sozinhos diante das nossas decisões, sendo este o motivo de não podermos culpar ninguém pela nossa falta de tato. Nesse momento de epifania visualizamos os erros homéricos já cometidos. A diferença é que recuso o arrependimento, ele é inútil e me faria perder tempo mais uma vez. Sêneca me apoiaria: "O homem que sofre antes do necessário, sofre mais que o necessário."
Se essas lágrimas teimosas me deixassem em paz, eu realmente teria paz? O calor delas muitas vezes me acalenta.
Cai uma chuva fina e erregelante. Nuvens escuras e carregadas se manifestam. Trovoadas num distante-perto. Qualquer semelhança com meu estado de espírito seria casual? Bah... também estou cética quanto à casualidade.
A máxima de Gonçalves Ribeiro ecoa em minha mente: "Para quem nada espera, o pouco muito representa."
De repente, muitas frases e pensadores turbilhonaram meus pensamentos. E, tola que sou, começo a refletir sobre o tempo que me resta.
Me veio La Fontaine com: "Nas asas do tempo, a tristeza voa."
Depois Thomas Edison: "Muitas falhas da vida acontecem quando as pessoas não percebem o quão perto estão quando desistem."
Até mesmo Chaplin: "Se você tivesse acreditado na minha brincadeira de dizer verdades, teria ouvido as verdades que eu insisto em dizer brincando."
Por vez o sussurrante Saint-Exupéry: "Em cada um de nós há um segredo, uma paisagem interior com planícies invioláveis, vales de silêncio e paraísos secretos."
E Chamfort: "Há tolices bem embaladas, assim como há tolos bem-vestidos."
Se eu morresse amanhã teria deixado de viver e dizer muitas coisas. Sentiria saudade de muitas pessoas. Deixaria inúmeros planos inacabados. Embora isso tudo me entristecesse, me doeria pungentemente o ecoar das injúrias que precisei ouvir até me convencer do quão tola eu fui.
Sinto-me meio viva, meio morta. Já é o bastante para recolher-me aos lençóis e ouvir música o mais alto que conseguir.

Em meio à loucura começo a rir ao lembrar Torelly: "Senso de humor é o sentimento que faz você rir daquilo que o deixaria louco de raiva se acontecesse com você."
Ora, ora... até Sharon Stone sabe que o "Humor é uma forma de ser valente."
Mesmo louco, o sorriso voltou aos meus lábios já salgados. Pensei: De que me adiantaria fugir da vida, se o que verdadeiramente quero é vivê-la plena e intensamente junto aos meus???
Resolvi fazer como Mário Lago: "Fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo: nem ele me persegue, nem eu fujo dele. Um dia a gente se encontra."
Beijos malvados,
Srta Emy.
P.S.: Se perceberam minha rebeldia quanto às novas normas da Língua Portuguesa, acostumem-se a ela! Acho pueril emburrecer o conhecimento dos que o têm para massificar o analfabetismo.